domingo, 20 de abril de 2014

Entrevista Luiz Filipe Klein Varella

Compadre Filipe, pai do Junior, meu afilhado, e do Guto, filho dos saudosos seu Luiz e dona Noely e irmão do Vitor Hugo.
Advogado, contista com dois livros publicados e participação em várias coletâneas, gremista apaixonado e fanático por futebol (quando digo futebol é futebol mesmo, não politicagens e “seleções brasileiras”, acho que ainda é capaz de saber a escalação da Holanda de 74), cinéfilo, amante da literatura e fotógrafo de belíssimas fotos do RS, creio que tenha o maior catálogo fotográfico dos grafites em muros e paredes de Porto Alegre.
Foi duas vezes presidente do Circulo Gaúcho dos Orquidófilos, tem até uma espécie batizada em sua homenagem.
Se define como um roqueiro ortodoxo, mas foi ele que me indicou os Strokes lá em 2001 e se não me engano também o Raveonettes. Fui apresentado ao Mudhoney com o clip de Good enough por ele, esse no milênio passado.
Sua casa era o ponto de encontro da turma em Taquara, para audições, jogo de botão e para jogar conversa fora. Lembro que, quando recebi o EP de Atmosphere e She´s Lost Control do Joy Division, lá em agosto de 87, trazido pelo Jacques da Alemanha, não o escutei de imediato e guardei para uma primeira audição coletiva na casa do Filipe.
Fui com ele até a rádio Ipanema em 1987 quando apresentou um Clube do Ouvinte sobre rock progressivo, com altas raridades de bandas não tão obvias e populares.
Quando ele fala sobre as bandas particulares dos amigos, eu sou o cara do Deep Purple e ainda guardo 22 discos em vinil deles.
Bem, teria páginas e páginas para descrever aqui as histórias do grande amigo Filipe, mas vamos a entrevista.
mural
        Filipe e seus murais, em uma época que computador pessoal não era nada comum.

1) Acho que todos, em algum momento, percebem que a música é algo além de dançar ou se chacoalhar e veem que ela traz muitas emoções e se fixa na memórias ao longo da vida. Qual a música ou lembrança musical mais antiga que tu tens e qual o primeiro disco comprado com as próprias economias? Fale também qual a música ou banda que fez tu perceber que a música teria uma importância muito grande na tua vida?

Meu primeiro álbum “de uma banda só” foi The game, do Queen, que comprei com meu irmão Vitor Hugo no meio de 1981, na antiga Disco Show, uma das lojas de discos que havia em Taquara na época. Éramos tão caçulas no negócio de ouvir e comprar discos (até então só o que tínhamos eram trilhas de novela e coletâneas de hits de FM), que achamos que tinham vindo dois discos num só, por causa do encarte, que achamos que seria um segundo disco dentro do primeiro. Nem imaginávamos que aquilo existia sim, os “álbuns duplos”. Mas não era o caso do The game, que sempre foi um álbum “simples”. Bom. Botamos o disco no prato do nosso velho aparelho três-em-um Sanyo, e a partir dali, na batida forte de “Dragon attack” e na ressurreição de Elvis Presly em “Crazy little thing called Love”, o Queen abocanhou uma grande fatia da responsabilidade pela evolução do meu gosto musical. Eu tinha 13 para 14 anos. Em seguida a banda veio fazer seu memorável show em São Paulo, transmitido ao vivo pela TV Bandeirantes para todo o Brasil, obrigando-nos sem dó nem piedade a comprar outros álbuns e revistas diversas.
Com essa entrada fulminante do Queen (banda que, diga-se a bem da verdade, ouço até hoje, limitado porém aos álbuns lançados até o começo dos anos 80), fico impossibilitado de atestar que qualquer outra banda tenha sido tão importante na abertura do meu gosto pelo rock. Impossível negar a importância que Freddie Mercury e seus amigos John Deacon, Brian May e Roger Taylor tiveram na minha forja de roqueiro. Logo em seguida veio, sim, a descoberta dos Beatles, derrubando o próprio Queen e tudo o mais nas minhas preferências, e depois veio a descoberta do rock progressivo e das bandas pesadas do começo dos anos 70. Mas dou ao Queen a chave da sala.
2) A função da música pode ser também um modo de socialização, formação de grupos. E nesses grupos pode surgir a identificação com um estilo musical e também a apreciação (de cada membro) de uma banda específica, isso para manter a individualidade de cada um. Teve um grupo de amigos assim? Qual era a sua banda? e existia algum estilo que não gostava e que outros amigos apreciavam?

Isso era bem identificável no grupo de amigos cultivados na época dos 15 aos 18 anos. Como se fosse de propósito, cada um assumia a “curatela” de uma banda e por ela zelava até o fim. Isso não implicava, claro, não gostar de outras bandas, ou rejeitar os nomes favoritos deste ou daquele camarada, mas era nítido o interesse de cada um em defender sua “escolhida”. Eu tinha o Queen, depois tive os Beatles e depois tive o Pink Floyd. Um outro tinha o Led Zeppelin. Outro era o fã número 1 do Genesis. Outro amava o Rush. Um outro dava os dedos pelos Stones. Já um outro era o entendido em Mike Oldfield. Outro tinha sua paixão pelo Deep Purple. Mas todos gostavam de todos. Meu quarto, repleto de posters de nossas bandas nas paredes, era uma espécie de ponto de encontro da turma, e ali vinham a grandes discussões e embates tentando eleger o guitarrista favorito, o grande baixista, o baterista predilto, o melhor vocalista, o mais virtuoso tecladista. Havia verdadeiros lobbies para escolher o Robert Plant o melhor vocal, ou Neil Peart o melhor baterista. Discussões sérias para escolher entre Jimmy Page e Richie Blackmore. Insultos de baixo calão para quem dissesse que David Byron cantava melhor que Ian Gillan. Muxoxos de desprezo para os que ameaçavam sentenciar que Chris Squire era melhor baixista que John Paul Jones. Risadas para quem alegava ser Rick Wakeman pior que Keith Emerson. No meio de tudo isso, a mania de fazer lista disso, lista daquilo... Tinha muita coisa meio ritualística. A caçada pelos discos importados ou os LPs “fora de catálogo”, as gravações de fitas k-7 de discos que a gente não tinha, a procura por álbuns diferentes em lojas nunca antes visitadas, as trocas de discos entre si (quantos discos passavam pelo mesmo proprietário duas, três vezes...). Era bom, ah se era bom. Tudo isso era muito vinil. Foi muitas eras antes da chegada do CD.
quarto
Ponto de encontro da turma, a casa do Filipe.
3) Qual o seu show inesquecível, qual o que se arrepende não ter ido e qual o que gostaria de ir mas nunca teve oportunidade, seja pela distância ou até pelo tempo, tipo um show que foi realizado quando era criança ou não era nascido.
No meio dos anos 80 surgiu o meio dos anos 80. Eu sou um sujeito conservador nas minhas preferências, e difícil de avançar para coisas novas. Na música não foi diferente. Demorei a aceitar o som das bandas dos anos 80, e mantive sempre um pé no som do “classic rock” dos anos 60 e 70. Acabei parando de ouvir coisas novas na virada do milênio (gosto de brincar que a banda mais nova que tenho ouvido é o Police...). E o que aconteceu foi que no tal meio dos anos 80 demorei para entrar na onda do som de bandas como U2, The Cure, The Smiths e New Order. A rendição veio lenta e pausada... Mas aconteceu a tempo de virar erupção com a vinda do Cure e do Echo and the Bunnymen a Porto Alegre em 1987.
Esses três shows foram os maiores shows de todos os tempos. Não, não esqueci nenhuma banda; foram três shows sim – dois do Cure, uma sexta-feira e um sábado de março de 1987, e o show do Echo, em maio do mesmo ano.
Três avassaladores eventos musicais para toda uma geração.
Depois vi outros nomes ao vivo, incluindo Jethro Tull, New Order, Deep Purple (o show mais caça-níquel da relação), Bob Dylan, Eric Clapton, Edgar Winter, Iron Maiden, Ramones, Black Sabbath, REM.
Pausa. REM foi outro show tremendo, no gramado do pequeno Estádio do São José, na zona norte de Porto Alegre. Repertório maravilhoso, banda afiada, Michael Stipe comemorando a eleição de Barack Obama, que tinha sido confirmada naquele dia.
Mas o Black Sabbath... Vi duas vezes o Sabbath. Uma em 1992, com Ronnie James Dio nos vocais, mas um show bem sem pique no Gigantinho... e outra vez, vinte e um anos, em 2013. Este show de 2013 veio se emparelhar aos shows do Cure e do Echo and the Bunnymen na minha lista de favoritos; no estacionamento da Fiergs, nove horas em pé, desde as três da tarde, para ver um Sabbath com Gezzer Butler, Tony Iomii e Ozzy Osbourne, mandando ver em todas as minhas canções favoritas... E eu lá assistindo... ao lado de meus filhos Augusto e Luiz Filipe Junior, que no show de 1992 ainda nem eram nascidos!
Mais um avassalador evento musical... desta vez comprovadamente para duas gerações.
Tenho pavor de shows em que os intérpretes optam por preencher a maior parte do setlist com “músicas do disco mais recente”. É a chave
Quanto aos shows que perdi... são dois. Perdi muitos, está certo. Vários e variados. Mas perdidos mesmo, foram só dois. Em 2003, Rush no Estádio Olímpico. Pouca grana na época, não quis ir ao show. Lamento até hoje. Minha casa fica a dois quilômetros do estádio, ouvi todo o show à distância. Reconheci as músicas todas. Rush sempre foi uma das minha bandas favoritas, e doeu não ir ao show.
O outro show perdido... não chegou a ser perdido de verdade, ou seja, não foi um show de lamentar não ter ido. É que eu tinha só 15 anos na época e dificilmente teria ido mesmo. Ainda morava em Taquara, e o show foi em Porto Alegre. Van Halen, na formação clássica, no auge da banda. Van Halen sempre foi um dos meus grupos favoritos de heavy metal, alegria contagiante no palco, músicas fortes, toda a performance de David Lee Roth nos vocais, o virtuosismo de Edward Van Halen, e a cozinha tremenda de Alex Van Halen e Michael Anthony. Bom, não fui ao show, pronto. Mas o show veio até mim. Um caminhão com material da banda foi parar no lado da minha casa, porque o motorista era cliente de meu pai, morava em Três Coroas tinha uma reclamatória trabalhista na qual meu pai defendia seus interesses!
4) Se não pudesse escutar nenhuma banda ou interprete que lançou discos no século passado o que escutaria hoje? E qual a sua fonte de atualização musical?
Acho que escutaria só o primeiro disco dos Strokes, a Amy Winehouse e as canções mais conhecidas do Coldplay, são as únicas coisas gravadas neste milênio que ouvi mais de uma vez.
Quanto à minha fonte de atualização musical... o que é isso? Preciso me atualizar? Mas por que...
5) Fale umas dez bandas, músicas ou discos que modificaram a tua vida de alguma forma e se quiser descrever como e porque?
Citarei discos que são muito queridos, o ano em que foram lançados e o ano em que eu os ouvi pela primeira vez. Creio que a diferença entre as datas traduzirá o impacto.
Apostrophe, Frank Zappa, 1974. Ouvi pela primeira vez em 1985
Astral weeks, Van Morrison, 1968. Ouvi pela primeira vez em 1990
What’s going on, Marvin Gaye, 1971. Ouvi pela primeira vez em 1992.
Hunky Dory, David Bowie, 1971. Ouvi pela primeira vez em 1990.
The dark side of the moon, Pink Floyd, 1973. Ouvi pela primeira vez em 1982.
The Beatles (álbum branco), 1968. Ouvi pela primeira vez em 1982.
Led Zeppelin II, 1969. Ouvi pela primeira vez em 1982.
Moving pictures, Rush, 1981. Ouvi pela primeira vez em 1983.
Thick as a brick. Jethro Tull, 1972. Ouvi pela primeira vez em 1982.
A night at the opera. Queen, 1975. Ouvei pela primeira vez em 1982.
The Joshua tree, 1987. Ouvi pela primeira vez em 1987.
Automatic for the people, R.E.M., 1992. Ouvi pela primeira vez em 1992.
6) Toca ou já tocou algum instrumento? Teve alguma banda, mesmo que imaginária, como ela era?
Guitarra. Nunca toquei direito, achava que um dia saberia tocar, mas não. Mas tinha uma guitarra. Quem sabe tocar direito é meu filho Augusto. Mas houve uma brincadeira de banda de garagem no meio dos anos 80. Eu na guitarra, Jorge Custódio na bateria, e um rodízio de baixistas (Bernardo Barth, João Lourenço, Juliano Félix da Silva). A banda gravou quatro discos muito bons e se desfez. Ah, me enganei, não vale enveredar pela ficção né.
jmc
A pitoresca cidade de Taquara
7) Já atacou de DJ ou algo parecido? Como foi a experiência?
Nunca, nem pretendo. Não nego que faço com prazer um CD para rodar em alguma festa (dê-lhe Bizarre love triangle, Superfreak, YMCA e I feel good). Mas boto lá rodando e deu. Daí a brincar de DJ vai uma distância bastante importante. Ser DJ numa festa é algo tão nada a ver comigo como yoga, scargots ou cerveja sem álcool.
8) Se fosse para participar de uma banda, qualquer uma, qual seria e que instrumento tocaria?
Para não ter que tirar ninguém de algum lugar, eu seria o baixista dos Doors... Falando sério: não seria nada mal ser um 5º Beatle em 1966 e 1967, nem que fosse para estar só dentro do estúdio olhando os caras trabalhando (aliás, seria o 6º Beatle, porque o 5º era o George Martin...). Nada mal ser roadie por uns dias na banda do David Bowie em 1972. Ave, Ziggy Stardust.
9) Que músicas ou estilo embalariam ou embalam tarefas cotidianas ou dias específicos, tipo passear de carro em uma tarde de sábado de primavera? Praticar um esporte radical? atravessar a cidade a pé em ma madrugada de inverno? Coloque outros itens.
Ouço muita música no automóvel, muita música mesmo, e ando muito de automóvel, então ouço muita música meeeeeesmo. O critério para dizer quais as favoritas para este ou aquele momento vem na hora. É o mesmo critério que tenho com relação aos meus filmes favoritos: filme bom é aquele que me faz parar de zapear o controle-remoto para assistir até o fim, independente de quantas vezes já tenha visto e em que momento da exibição esteja. Com música é assim também; de um pendrive com 200, 300 músicas, não são muitas são as que eu deixo rolar depois que começam. Músicas que deixo rolar até o final sempre (observarão na lista que vou propor há vários escorregões na cafonice e em alguns hits pop, mas cafonice é muito subjetiva, e se cito hits pop é porque eles atingiram seu objetivo). Vamos lá então, limitando a uma canção por interprete e ao que vem à cabeça: Roundabout (Yes), Astral weeks (Van Morrison), Aqualung (Jethro Tull), Hotel California (Eagles), Strawberry fields forever (Beatles), Bohemian rhapsody (Queen), The camera eye (Rush), Rise (PIL), Tattoo (The Who), Long live rock’n’roll (Rainbow), Diary of a madman (Ozzy), Skyline pidgeon (Elton John), Hungry hearts (Bruce Springsteen), Overkill (Men at work), Alright (Supergrass), Back in black (AC/DC), Nightswimming (REM), A forest (The Cure), Evil woman (Electric light orchestra), Can’t find my way home (Blind faith), There is a light that never goes out (Smiths), Life on Mars (Bowie), Highway star (Deep purple), Dear Mr.Fantasy (Traffic), Layla (Derek and the Dominoes), Gypsy (Black Sabbath), Sweet Virginia (Stones), Wrapped around your finger (Police), Heaven (Talking heads), Where the streets have no name (U2), Old England (Waterboys), Don’t you eat the yellow snow (Zappa), Save a prayer (Duran duran), Suspicious minds (Elvis), The logical song (Supertramp), Badge (Cream), Detroit rock city (Kiss), Solsbury hill (Peter Gabriel), Band on the run (Wings), Book of Saturday (King Crimson), Firht of fifth (Genesis), Run to the hills (Iron maiden), The weight (The Band), All along the watchtower (Hendrix), Like a rolling stone (Bob Dylan), For once in my life (Stevie Wonder), Jump (Van Halen), Thrasher (Neil Young), The unforgiven (Metallica), Deus (Sugar Cubes). E qualquer uma do primeiro Stone Roses e do Marquee moon do Television.
Ah, um detalhe: escuto bastante Mozart e Beethoven e não canso de ouvir a Rhapsody in blue do Gershwin com Leonard Bernstein na regência e no piano. E por princípio nunca ouço jazz à luz do dia. Mas ouço tão pouco jazz, que a referência é inócua.
10) Acho que todos gostamos de algumas músicas que não tem muito a ver com a imagem que temos de nós mesmos, que música ou banda não gostaria de ser flagrado ouvindo por uma pessoa que não te conhece ainda? Que poderia criar uma imagem errada do teu gosto?
Bom, além das músicas do Roberto Carlos do período 1967/1972 (ponto fraco DE TODO MUNDO QUE TEM ENTRE 40 E 50 ANOS, é ou não é?), tem também as tais músicas cafonas que citei antes. Tenho dois CDs só com essas músicas “discutíveis”, e eu geralmente ouço sozinho... Vamos a elas, porque hay que amolecer sin perder la ternura. Tem a música mais triste do mundo, que é Empty garden do Elton John. Ir ao jardim do amigo morto e ficar do lado de fora perguntando se ele não vem brincar, o que pode ser mais triste que isso? E se esse amigo tiver um cadillac e for o John Lennon??? Hey Johnny, won’t you come out to play in your empty garden? Isso é pra matar. Bom. Gosto também de... preparem-se, por favor. Mandy, do Barry Manilow. Sailling, do Cristopher Cross. Clássica! Wuthering heights, da Kate Bush, mas isso tudo bem, todo mundo sabe que sempre ouvi Kate Bush. Dancing queen, do Abba, música que segundo o pessoal do Pretinho básico faz todo mundo virar gay. As baladas da fase comercial do Alice Cooper (I never cry e How you gonna see me now). Peter Frampton, com I’m in you, espetáculo, grande solo slow hand de guitarra. Listen to the music, com os Doobie brothers. Bread, com Guitar man. Chicago, ... A já citada Hotel Califórnia dos Eagles. Easy dos Commodores. C’est la vie, hit francês dos anos 70, na voz de Adamo... “C’est ma vie, c’est ma vie, je ne fait rien, c’est elle que ma choisi”… Chega.
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Filipe em frente ao ponto de encontro da turma, caixa federal, éramos conhecidos como A Turma da Caixa.
11) Na adolescência qual era o estilo de música que tu achava que estaria ouvindo hoje e qual realmente está?
Há uma piada caseira sobre isso. Uma amiga da minha mãe uma vez disse para ela que, assim como acontecera com seus filhos, eu e meu irmão aos 18-20 anos não ouviríamos mais rock. Bom, tenho pena dos filhos dela (que desde então ganhou de mim e de meu irmão o apelido de “Profeta”)... Anedota à parte, na adolescência eu creio que pensava que estaria ouvindo o que ouvia na adolescência. E acertei, aos 46 estou ouvindo muito a música que ouvia na adolescência. Querem a prova? No meu carro, no momento em que escrevo isto, estão dois CDs, o Aqualung do Jethro tull e o Volume 4 do Black Sabbath. Se em 1983 eu tivesse carro e se existissem CDs, era grande a possibilidade de os dois estarem juntos lá em alguma noite de sábado.
12) Números. Quantos discos, cds, dvds, k7 e livros musicais já teve até agora. Indique alguns livros e filmes interessantes sobre música.
Bah. Em 1985 ou 1986 eu responderia isso na hora, sem ir contar. Sabia quantos discos tinha, encontrava de olhos fechados os discos na prateleira, sabia quantos discos me faltavam da discografia esta ou daquela banda, tinha uma relação de discos em diversas ordens – data de aquisição, data de lançamento... Provavelmente saberia inclusive a quantidade de fitas k-7 (dividindo em 46 minutos, 60 minutos e 90 minutos! Ou em “normal”, “cromo” e “ferro”... ou em Sony, Basf, Scotch e TDK! Mas não estamos mais em 1985, já faz 29 anos que não estamos mais em 1985, estamos em 2014, e a última vez que contei meus discos foi no século 20. Mas vamos lá. Devo ter uns 600 CDs comprados (mais outro tanto gravado a partir de MP3). Permaneci com os meus discos de vinil, devem ser uns 400 hoje em dia, talvez um pouco mais, um pouco menos. DVDs musicais não tenho muitos, 20 talvez, isso contando os que meus filhos é que compraram. Embora eu visse muita MTV nos primeiros anos da emissora no Brasil, nunca fui muito de comprar vídeos de rock, salvo alguma coisa do REM e do U2, e vídeos antigos de bandas progressivas. Não tenho grandes referências bibliográficas ou filmográficas a dar, exceto a revista “As maiores bandas de rock de todos os tempos” que a finada revista Somtrês publicou em 1982 (ah isso sim teve muita influência na minha jornada roqueira!) e as revistas-posters que a mesma Somtrês publicava nos anos 80... Jethro Tull, Police, Pink Floyd, Sabbath, Led, Yes, Purple, Rush, Stones, Beatles, Zappa, tenho todos ainda - estão disponíveis para consulta aqui em casa, é só chegar!















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